Um copo de caipirinha girando o gelo diante do olhar e o cheiro do limão misturado ao açúcar desfazendo-se no torpor da cachaça. Em volta do copo burburinho de gente conversando de tudo, vozes povoando a noite úmida de poucas estrelas com sentidos que não lhe cabiam no entender. Não sabia bem por onde começar, que seu corpo reagia mal à bebida. Mas era uma alegria fugaz e instantânea que buscava.
Precisar não precisava, que no terreno das precisões pisava firme por dentro do saber pisar. Mas queria, e era uma urgência por aquela alegria que sorveu o primeiro gole de olhos fechados, deixando vir primeiro o azedo do limão, depois o doce do açúcar e por fim a anestesia da cachaça que formigava seus ombros levemente. Curava por hora a timidez dos olhares, sorria por dentro uma euforia que dançava ainda sutilmente seus primeiros passos, pedindo mais.
O primeiro copo devolveu-lhe o sorriso aberto, a conversa despreocupada, os movimentos levemente mais sensuais. Poderia permanecer assim a noite inteira. Mas ainda era o querer fugaz e impositivo que lhe inquietava os sentidos. Olhava em volta e não via. Buscava no entorno e não encontrava. Fugia o pensamento para longe e de tão longe que era retornava com as mãos vazias.
Entre uma conversa e outra, das quais sequer lembrava o conteúdo minutos depois, pediu o segundo copo. Desafiava o se expor, aquilo que mais temia. Estranha dança, um descompasso entre o que era e o que pretendia. E nem sabia o que era, muito menos o que pretendia. Apenas bebia com alguma ansiedade o que lhe traria mais efêmera alegria. Era então mais riso, mais sensualidade e já alguma desarmonia.
A música, a noite de raras estrelas, o desafio de se desafiar, os pensamentos desencontrados da tão idolatrada razão, um caldeirão que expelia fogos de artifício, tão coloridos e de tão pouca duração. Tudo isso e mais um copo, o terceiro que haveria de ser o último. Era então a festa em si. Juntava-se aos demais em crescente contágio de alegria. Gritava por dentro dane-se à sua própria opinião.
E de vez que o último copo nunca é o último, pediu o quarto e derradeiro. A ele misturou, como alquimista de si, componentes a mais. Um elixir de aplacar solidão, gotas para anestesiar desilusões, chá de acelerar o tempo, bálsamo de enganar sofrimentos e um comprimido para prevenir as náuseas do corpo e da alma, que se anunciavam para a manhã seguinte.
Olhou em volta, num sem olhar com firmeza, que já não conseguia, em busca de ver confiança. Tarde demais, coisa que devia ter visto antes, pelo recomendo da razão. Confiar mesmo não confiava, mas também não se importava e tinha um certo prazer em desafiar o caráter das pessoas. Avistou o amigo de longas datas e pediu com voz desajeitada. Se eu exagerar você me reboca para casa? Num riso complacente a afirmativa carinhosa. Claro que sim, e com todo cuidado.
Precisar, não precisava...
Precisar não precisava, que no terreno das precisões pisava firme por dentro do saber pisar. Mas queria, e era uma urgência por aquela alegria que sorveu o primeiro gole de olhos fechados, deixando vir primeiro o azedo do limão, depois o doce do açúcar e por fim a anestesia da cachaça que formigava seus ombros levemente. Curava por hora a timidez dos olhares, sorria por dentro uma euforia que dançava ainda sutilmente seus primeiros passos, pedindo mais.
O primeiro copo devolveu-lhe o sorriso aberto, a conversa despreocupada, os movimentos levemente mais sensuais. Poderia permanecer assim a noite inteira. Mas ainda era o querer fugaz e impositivo que lhe inquietava os sentidos. Olhava em volta e não via. Buscava no entorno e não encontrava. Fugia o pensamento para longe e de tão longe que era retornava com as mãos vazias.
Entre uma conversa e outra, das quais sequer lembrava o conteúdo minutos depois, pediu o segundo copo. Desafiava o se expor, aquilo que mais temia. Estranha dança, um descompasso entre o que era e o que pretendia. E nem sabia o que era, muito menos o que pretendia. Apenas bebia com alguma ansiedade o que lhe traria mais efêmera alegria. Era então mais riso, mais sensualidade e já alguma desarmonia.
A música, a noite de raras estrelas, o desafio de se desafiar, os pensamentos desencontrados da tão idolatrada razão, um caldeirão que expelia fogos de artifício, tão coloridos e de tão pouca duração. Tudo isso e mais um copo, o terceiro que haveria de ser o último. Era então a festa em si. Juntava-se aos demais em crescente contágio de alegria. Gritava por dentro dane-se à sua própria opinião.
E de vez que o último copo nunca é o último, pediu o quarto e derradeiro. A ele misturou, como alquimista de si, componentes a mais. Um elixir de aplacar solidão, gotas para anestesiar desilusões, chá de acelerar o tempo, bálsamo de enganar sofrimentos e um comprimido para prevenir as náuseas do corpo e da alma, que se anunciavam para a manhã seguinte.
Olhou em volta, num sem olhar com firmeza, que já não conseguia, em busca de ver confiança. Tarde demais, coisa que devia ter visto antes, pelo recomendo da razão. Confiar mesmo não confiava, mas também não se importava e tinha um certo prazer em desafiar o caráter das pessoas. Avistou o amigo de longas datas e pediu com voz desajeitada. Se eu exagerar você me reboca para casa? Num riso complacente a afirmativa carinhosa. Claro que sim, e com todo cuidado.
Precisar, não precisava...
Um comentário:
Esse leve torpor...que delícia!!
Flutuamos entre a lucidez e a
indiferença! Que importa?
Precisar, não precisava...mas
de vez em quando é tão bom!
Ah! as caipirinhas só nos recompõe,
nos reconcilia, nos harmoniza!
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