14 de mai. de 2009

Velha calça jeans

Saiu do quarto no esmorecer da tarde parando no meio da cozinha. Esticou o corpo para trás e trouxe as mãos devagar num subir de frescor, deslizando as pontas dos dedos por sobre a malha violeta. Deteve-se nos seios e acolheu-se no colo. Sentia o conforto de alongar os músculos e retinha o prazer de desenhar mistérios em si mesma.

Um farfalhar de folhas secas arrastando ventos na calçada a trouxe para um tempo alheio. Disse a ela num sussurro, assim de repente, que a vida mesmo corria lá fora. Ela sentiu a liberdade roçar seu corpo moldado na velha calça jeans de zíper semi-aberto. Passou a mão nos negros cabelos soltos e riu do nada.

Sabia, com o saber das bruxas, que a novidade se esboça no ar. Que não se pode precisar quando ela virá, nem que caminhos irá percorrer. Mas, o corpo sente com o pulsar dos sentidos mais sutis, que ela está feito tempestade a se avolumar. E será um arrebate!

(Fotografia: Ted Thai)

6 comentários:

jac rizzo disse...

Márcia, que a liberdade da mesma
velha calça jeans, envolva sua alma!
Que esse farfalhar de folhas secas
arrastando ventos na calçada, traga
um mundo de novidades...todas muito
boas!

Lindas suas palavras!

Alfredo Rangel disse...

Márcia
Quanto prazer, quanto viajar, quanto repouso numa única velha calça jeans. Quanta criatividade, quanto prazer e quantos sorrisos num só texto.
Parabéns. Vou, mas volto sempre.
Beijo

Rangel

Dulcivania Freitas disse...

não vou falar das calças, rssss mas das flores....ja encomendei as mudas de rosas amarelas pra te presentear. depois, te vira nos 30 pra regar e florir ok.
O produtor das mudas é "Bacaba", meu amigo que mora na Fazendinha, ele ama flores.

Alexandre Kovacs disse...

Parabéns, belo texto. Passo a acompanhar seu blog com interesse.

Márcia Corrêa disse...

Obrigada e volte sempre.

Valentina disse...

Gostei da foto.