Trindade (Osmar Bécio Trindade, 72 anos) é um jornalista gaúcho com história exemplar. Nos anos 1970 foi presidente de uma Cooperativa de Jornalistas do Rio Grande do Sul e dirigiu o Coojornal, nanico que bateu de frente com os militares no poder. Foi preso junto com outros companheiros de redação, depois se exilou em Moçambique, África, onde permaneceu até 1999. De volta ao Brasil, editou a Folha do Amapá, jornal que ajudei a fundar em 1991 e parou de circular em 2006.
Avesso a incomodar mesmo amigos e parentes ele encontrava-se há dois meses internado num hospital público de Brasília, com câncer no fígado e anônimo, ocupando uma das camas da enfermaria 505 do Hospital Regional Asa Norte. Com os pés inchados, não podia mais andar e estava há três dias sem poder tomar banho.
Foi descoberto nessa situação no começo da semana, por acaso, por um quarto jornalista, Tagaha, que mora em Belém. Tagaha ligou para seu telefone celular, mas quem atendeu foi uma enfermeira informando de sua internação. A partir daí se estabeleceu uma rede solidária via internet para socorrê-lo.
A solidariedade fluiu por causa da história comum que um grupo de profissionais da imprensa viveu em Macapá produzindo a Folha do Amapá, jornal que funcionou como uma escolinha de jornalismo para jovens que iniciavam na profissão tendo eu e Trindade como mestres.
Por Elson Martins
Íntegra do texto no www.almanacre.blogspot.com
- A Rede de solidariedade que envolveu amigos de Norte a Sul do país levou Trindade de volta a Porto Alegre no sábado (27). O guerreiro Trin viu os netos, a família e se foi para o outro plano na noite de terça-feira (30). Deixou lição de ética, compromisso com as causas justas e profissionalismo.
(Foto: Daniel de Andrade)
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