21 de jul. de 2009

Atitude: Felicidade em boa conta

Era uma vez um pequeno país que teve uma grande ideia: medir seu crescimento socioeconômico de acordo com indicadores do bem-estar individual de seus habitantes. Saiba como esse conceito inovador já está atraindo a atenção do mundo, incluindo o Brasil.

Em certo dia do ano de 1986, no distante Butão – pequeno país encravado nas montanhas do Himalaia, onde atualmente vivem cerca de 700 mil habitantes, a maioria seguidora do budismo –, o rei Jigme Singye Wangchuck, de apenas 17 anos, questionado por um jornalista sobre a crise econômica que ameaçava seu reino, disparou: “Felicidade Interna Bruta [FIB] é mais importante que Produto Interno Bruto [PIB]”. O que – à primeira vista – poderia ser entendido apenas como uma frase de efeito de um nobre adolescente acabou por tornar-se a semente de um novo conceito para medir a saúde econômica e social de um país.

Aos poucos, a idéia ultrapassou fronteiras para encontrar seguidores de peso em lugares bem distantes do Butão – como Canadá, União Europeia e Brasil. A própria Organização das Nações Unidas vem patrocinando conferências no intuito de internacionalizar os conceitos da FIB, que, em linhas gerais, são felicidade, bem-estar e qualidade de vida da população.


Mas, afinal, como mensurar essa tal Felicidade Interna Bruta? Para responder a essa pergunta, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud) criou o Centro para os Estudos do Butão. Para o vice-presidente do Conselho Nacional do Butão, Dasho Karma Ura, os conceitos da Felicidade Interna Bruta podem ser comparados a uma roda de bicicleta. No centro estão as metas finais da FIB, que são bem-estar, felicidade e qualidade de vida. Os raios da roda são os meios para atingir as metas.

Os nove indicadores:

1. Bom padrão econômico – avalia o status econômico dos cidadãos, os níveis de renda (e endividamento) individual e familiar, a segurança financeira, a qualidade das habitações.

2. Boa governança – mensura como o desempenho dos governos é assimilado em termos de eficácia, honestidade e qualidade, incluindo liderança em vários níveis, na mídia, no Judiciário, na polícia e nas eleições.

3. Educação de qualidade – detecta a contribuição para conhecimento, valores, criatividade, competências, capital humano e sensibilidade cívica de todos os níveis da população.

4. Saúde – avalia o status de saúde da população, seus fatores determinantes e o sistema de saúde em si.

5. Vitalidade comunitária – faz foco nos pontos fortes e fracos dos relacionamentos e das interações nas comunidades. Avalia a natureza da confiança e da sensação de pertencimento, a vitalidade dos relacionamentos afetivos, a segurança em casa e na comunidade, a prática de doação e de voluntariado.

6. Proteção ambiental – mede como estão os recursos naturais e as consequências das pressões do desenvolvimento sobre os ecossistemas.

7. Acesso e diversidade cultural – deve ser meta fundamental de política pública, em que se reconhece o valor das tradições na formação da identidade e na base criativa para o futuro.

8. Gerenciamento equilibrado do tempo – uma das mais eficazes portas de entrada para a qualidade de vida, inclusive com o reconhecimento do valor do lazer, do contato com a natureza e dos laços sociais compartilhados com a família e os amigos.

9. Bem-estar psicológico – como está o contentamento, a satisfação com todos os elementos da vida e a saúde mental das pessoas.

Texto: Afonso Capelas Jr
Revista Bons Fluídos – Maio/2009

Um comentário:

Ju Corrêa disse...

HAHAHAHA os governantes dos outros países do mundo inteiro, inclusive em países como o nosso, que existe idade mínima para se candidatar a determinados cargos, devem estar envergonhados com a iniciativa! hehehe