Roupagem maravilhosa foi a que a cantora Lia Sophia deu para algumas das mais conhecidas músicas do cancioneiro popular paraense, do estilo conhecido como “Brega”. O CD sequer chegou às lojas de Macapá e já está dando o que falar. Divulgado em trechos, principalmente pelo programa radiofônico “Café com Notícia” (Rádio Equatorial 94,5 FM), as releituras de Lia Sophia vêm agradando muita gente (inclusive a mim, que só ouvi 3 músicas), os quais, ansiosos, buscam por mais informações sobre a obra.
Mas, infelizmente, algumas críticas não são nada agradáveis e sim pejorativas. Alguns “cabeçudos” que têm ouvidos mais não escutam, entendem que a cantora agora se tornou “brega”, com “b” minúsculo. Para esses, vamos lembrar alguns fatos quanto ao estilo “Brega”.
O estilo musical “Brega”, que apresenta sólida base no Estado do Pará, nada tem a ver com “mau gosto” que emite o significado da palavra constante nos dicionários, cujos autores pouco levam em consideração os sentidos atribuídos a determinadas palavras nas culturas das demais regiões senão Sul e Sudeste, diga-se mais precisamente Rio e São Paulo. No entanto, podemos dizer que o “Brega” se traduz no exagero utilizado na expressão musical (letras fortes, sempre falando de amor e do cotidiano) e na forma de se vestir, pois em pleno auge na década de 1980, os cantores paraenses, “BREGUEIROS” como são conhecidos até hoje, tinham a necessidade de agradar o seu público e se diferenciavam utilizando indumentárias ricas em cores e brilho.
Num período em que a música americana tinha lugar de destaque nas rádios paraenses, o “Brega” conseguiu fazer despontar na mídia local vários de seus personagens, entre os quais os cantores Mauro Cota, Tedy Max, Mirian Cunha, Francys Dalva, Fernando Belém, Juca Medalha, Cícero Rossi, que se apresentavam em programas famosos na capital paraense qual era o TV Cidade e em shows itinerantes como o “A Noite do Brega” (que visitava o interior do Pará), ambos capitaneados pelo saudoso jornalista e apresentador Kizan Lourenço.
Tendo surtido efeito ainda, levando à mídia nacional cantores como Olímpio Martins (com seus dois chocalhos fez sucesso com a música “Quero você, todinha pra mim”) e Beto Barbosa (de imitador de Sérgio Malandro conquistou com a lambada “Preta” uma das trilhas da novela “Rainha da Sucata”, na Rede Globo). Daí em diante, a Região Norte passou a ser um pouco melhor destacada artisticamente na mídia nacional.
Portanto, ao tentar esclarecer um pouco sobre o que entendo como verdadeiro significado do estilo “Brega”, peço que prestem bem atenção à nova roupagem atribuída a cada uma das músicas e para a maravilhosa interpretação de Lia Sophia, deixando de lado preconceitos. Viva a música!
Rick Lobato
Um comentário:
Rick, parabéns pelo texto, e Márcia, parabéns por ter publicado.
Repercuti esta análise em meu blog Som do Norte, o link direto é http://somdonorte.blogspot.com/2010/03/na-rede-rick-lobato-fala-do-cd-amor.html
Grande abraço e Viva a música!
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