14 de fev. de 2009

As pontes e o silêncio

Tem dia que um risco
feito de quase nada
faz descer sobre as pontes
uma sombra velada de noite.
As pontes, então,
são opacas estradas curtas
entre a fé e o coração.
São o desleixo da saudade
escorando de um lado a solidão,
do outro a mão espalmada na escuridão.
Não são pontes de nada.
Se nada religam, nada trazem, nada levam,
de nada servirão.
Só a sombra encurvada e fria,
soberba caminhada do homem
sob copas de velhas árvores cansadas.

Haverá sempre o silêncio.
Descerá em prece úmida
e preencherá de promessas
a secura dos rios.
Construirá falas mudas
entre margens esquecidas.
Gritará palavras surdas
ao pé do ouvido de ninguém.

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