A brisa fresquinha entrava contínua pela janela do segundo andar que dava para a rua escura. Na sala branca, com cadeiras também alvas organizadas em volta de pequenas mesas verdes, ela derramou o corpo lentamente bem na direção do vento. Não sabia ao certo se aquele em que se encontrava era um estado de quase meditação ou de desistência.
Respirou fundo sem mexer um único membro do corpo. Quietude era o que pretendia. Quem sabe não ser vista por ninguém. Pediu o chá gelado e passou a folhear, como quem procura por nada exatamente, a revista à sua frente. Feng shui, horóscopo chinês, medicina ayurvédica, massagem tântrica... Nossa! Como é complicado ser simples, pensou. Não queria ler nada, tinha a mente exausta e buscava algo como uma... Fuga.
Parou a observar uma página inteira da revista tomada pela fotografia de um caminho de terra, feito curva sinuosa no fundo de um vale raso coberto de névoa. Havia o caminho, a grama e uma cadeira velha de madeira esquecida ao largo. Por cima, fechando em túnel incerto, copas entrelaçadas de enormes árvores. A imagem impressionante falava com ela em silêncio e a convidava.
Num insight viu-se sentada por décadas naquela cadeira velha esquecida à beira do caminho. Olhou a rua escura, voltou-se para a página e quanto mais olhava a fotografia, mais se sentia sugada para o fundo daquele cenário. Uma vontade sôfrega de partir pelo caminho de terra sem fim, nem começo. Caminhar feito os andarilhos que se perdem pelo mundo em busca de respostas. Mas, não queria as respostas. Queria o caminho limpo. Mergulhar na névoa.
A senhora quer mais gelo? Seu chá esquentou. Disse o rapaz sorridente e educado. Ah! Obrigada! Quero sim. Foi como roubar sua alma em fuga e trazê-la de volta antes que se perdesse. Não sabia se agradecia por isso, ou se resmungava ao rapaz. De toda sorte estava de volta à sala branca e percebia que havia música suave no ar. Fechou a revista devagar, sorveu o chá pensativa e guardou no baú das reminiscências a imagem do caminho de névoa.
Respirou fundo sem mexer um único membro do corpo. Quietude era o que pretendia. Quem sabe não ser vista por ninguém. Pediu o chá gelado e passou a folhear, como quem procura por nada exatamente, a revista à sua frente. Feng shui, horóscopo chinês, medicina ayurvédica, massagem tântrica... Nossa! Como é complicado ser simples, pensou. Não queria ler nada, tinha a mente exausta e buscava algo como uma... Fuga.
Parou a observar uma página inteira da revista tomada pela fotografia de um caminho de terra, feito curva sinuosa no fundo de um vale raso coberto de névoa. Havia o caminho, a grama e uma cadeira velha de madeira esquecida ao largo. Por cima, fechando em túnel incerto, copas entrelaçadas de enormes árvores. A imagem impressionante falava com ela em silêncio e a convidava.
Num insight viu-se sentada por décadas naquela cadeira velha esquecida à beira do caminho. Olhou a rua escura, voltou-se para a página e quanto mais olhava a fotografia, mais se sentia sugada para o fundo daquele cenário. Uma vontade sôfrega de partir pelo caminho de terra sem fim, nem começo. Caminhar feito os andarilhos que se perdem pelo mundo em busca de respostas. Mas, não queria as respostas. Queria o caminho limpo. Mergulhar na névoa.
A senhora quer mais gelo? Seu chá esquentou. Disse o rapaz sorridente e educado. Ah! Obrigada! Quero sim. Foi como roubar sua alma em fuga e trazê-la de volta antes que se perdesse. Não sabia se agradecia por isso, ou se resmungava ao rapaz. De toda sorte estava de volta à sala branca e percebia que havia música suave no ar. Fechou a revista devagar, sorveu o chá pensativa e guardou no baú das reminiscências a imagem do caminho de névoa.
(Tela Afternoon Tea , de Clement Micarelli)
3 comentários:
Márcia,
Lindo demais.
Bjos
Percorro o caminho dos meus amigos
e só me detenho quando encontro a
emoção! Aí paro para um afago, um
abraço...É preciso haver um chamado
qualquer, um toque de almas!
Às vezes sentamos por décadas
no mesmo lugar...
Esbarrei hoje nessas palavras!
Abraço.
Jac,
Se percorreres os caminhos do Quinan nem precisarás espalhar pedacinhos de pão para marcar a volta.
Quanto aos chamados, também acredito fortemente neles e deixo o resto com a intuição.
Outro abraço.
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