Quem me lê, falando em flores e jardins, pode até imaginar que sou jardineira das boas, daquelas que têm a disciplina de acordar cedo para cuidar e a beleza paciente de conversar com rosas, cravos e bichos minúsculos que passeiam entre folhas e a terra preta. Não é exatamente assim, mas bem que eu gostaria que fosse e trabalho meu espírito para atingir essa altura. No mais, gosto, aprecio e vez por outra me dano em cuidados com a vida que floresce inocente no pátio da minha casa.
Fico vesguinha quando passo em frente a uma floricultura ou visito o horto e mesmo diante de um jardim verdadeiramente cuidado. Quero logo pedir um pé disso, um pé daquilo, mudinha de rosa menina e essas coisas. Ah! Por falar nisso, quem tiver rosa amarela que se apresente e me dê de presente. Então, foi com os “zoim vesguim” que me perdi de amores por um pé de lírios cor de sangue. E na mesma proporção da paixão veio a decepção. Parece enredo de filme mil vezes reprisado.
Não com os lírios, imagine! Decepção comigo mesma. Cheguei toda boba com a moça da floricultura, um quiosque escondidinho num canto do supermercado. Que coisa mais linda! São lírios, disse ela. Como eles florescem, de que cuidados precisam? Não muitos, preferem a sombra e florescem uma vez por ano. Hum... Uma vez por ano é? Pôxa! Quero flores que nasçam o ano inteiro. Ela riu complacente... Ah! Temos aqui margaridinhas, crisântemos, rosas. Então vou levar as margaridinhas lilases e essa rosa menina meio amarelinha.
Saí de lá com uma sensação estranha, mas sem prestar muita atenção a ela. Em casa, no final da tarde, calcei luvas descartáveis surrupiadas do material de faculdade da Juliana, peguei uma colherona de cozinha – que não achei a pazinha de jardinagem, e fui cavar a terra dos vasos para transplantar as mudas novas. Nesses momentos de dedicação à terra, às plantas é inevitável a reflexão. Os pensamentos são sugados para uma zona de profundidade inatingível em horas comuns.
Aos poucos e com uma vergonha que subia à face em forma de suave formigamento, compreendi a inquietação que me acompanhara na saída da floricultura. Eu havia abandonado os lindos lírios cor de sangue simplesmente por não ser dotada de paciência para esperá-los florescer. Como se abandona um amor que ainda nem nasceu? Que espírito primitivo e insensível o meu. Alma boba que quer ver com os olhos da matéria o que pode ser cultivado com os olhos da alma a respirar pelo coração.
Fico vesguinha quando passo em frente a uma floricultura ou visito o horto e mesmo diante de um jardim verdadeiramente cuidado. Quero logo pedir um pé disso, um pé daquilo, mudinha de rosa menina e essas coisas. Ah! Por falar nisso, quem tiver rosa amarela que se apresente e me dê de presente. Então, foi com os “zoim vesguim” que me perdi de amores por um pé de lírios cor de sangue. E na mesma proporção da paixão veio a decepção. Parece enredo de filme mil vezes reprisado.
Não com os lírios, imagine! Decepção comigo mesma. Cheguei toda boba com a moça da floricultura, um quiosque escondidinho num canto do supermercado. Que coisa mais linda! São lírios, disse ela. Como eles florescem, de que cuidados precisam? Não muitos, preferem a sombra e florescem uma vez por ano. Hum... Uma vez por ano é? Pôxa! Quero flores que nasçam o ano inteiro. Ela riu complacente... Ah! Temos aqui margaridinhas, crisântemos, rosas. Então vou levar as margaridinhas lilases e essa rosa menina meio amarelinha.
Saí de lá com uma sensação estranha, mas sem prestar muita atenção a ela. Em casa, no final da tarde, calcei luvas descartáveis surrupiadas do material de faculdade da Juliana, peguei uma colherona de cozinha – que não achei a pazinha de jardinagem, e fui cavar a terra dos vasos para transplantar as mudas novas. Nesses momentos de dedicação à terra, às plantas é inevitável a reflexão. Os pensamentos são sugados para uma zona de profundidade inatingível em horas comuns.
Aos poucos e com uma vergonha que subia à face em forma de suave formigamento, compreendi a inquietação que me acompanhara na saída da floricultura. Eu havia abandonado os lindos lírios cor de sangue simplesmente por não ser dotada de paciência para esperá-los florescer. Como se abandona um amor que ainda nem nasceu? Que espírito primitivo e insensível o meu. Alma boba que quer ver com os olhos da matéria o que pode ser cultivado com os olhos da alma a respirar pelo coração.
Murchei bem ali diante das alegres margaridinhas lilases e dos pequenos botões de rosas pálidas. Vou buscar os lírios pra mim.
(Tela: Lirio, de A. Vega)
6 comentários:
"Nesses momentos de dedicação à terra, às plantas é inevitável a reflexão. Os pensamentos são sugados para uma zona de profundidade inatingível em horas comuns..."
que tradução literária linda do momento...
eu só tinha ouvido isso de um senhor que cultiva flores lá em FAzendinha, ele é apaixonado pelas flores, vou ver se consigo rosa amarela pra vc com ele.
bjs
Por favor, busque os lírios...
Que texto e sentimento maravilhoso Lírios e camélias para você.
Nosso amigo e fraternal abraço para você e as gurias.
Daniel e Stella
Lindo texto Marcia, parabéns.Também pertences à tribo "por anda planta flores".
Beijos
Stella Saitica Petrasi
A você que me prometeu rosas amarelas, fico esperando com paciência... rsrsrsr
Luli,
Vou buscar os lírios, esperar que eles floresçam e mostrar aqui pra vocês.
Daniel e Stella
Que prazer tê-los por aqui.
Bjs!
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