Ela canta intensamente e compõe com a delicadeza de quem conhece bem as estradas da música. Ana Martel está em seu melhor momento. Lança no próximo dia 17, em grande show no Teatro das Bacabeiras, o CD “Sou Ana”, onde deposita sua alma de artista criativa e experiente. Das doze canções do disco, oito são de sua exclusiva autoria. O trabalho é o primeiro do Amapá a ser gravado através de incentivo da Lei Rouanet, com recursos captados junto à Eletrobras.
“Sou Ana” é seu primeiro CD depois de 25 anos de palco. O artista precisa de estrada antes de gravar? Por quê?
Ana Martel – Eu acredito que quanto mais maduro o trabalho, melhor fica o resultado. Adoro cantar e não sinto diferença interpretando uma música minha ou de outro compositor, mas não ia me sentir totalmente realizada com um cd só de intérprete, então esse tempo foi importante porque um compositor não se faz da noite pro dia.
“Sou Ana” é seu primeiro CD depois de 25 anos de palco. O artista precisa de estrada antes de gravar? Por quê?
Ana Martel – Eu acredito que quanto mais maduro o trabalho, melhor fica o resultado. Adoro cantar e não sinto diferença interpretando uma música minha ou de outro compositor, mas não ia me sentir totalmente realizada com um cd só de intérprete, então esse tempo foi importante porque um compositor não se faz da noite pro dia.
Quando e como você se descobriu cantora?
Ana Martel – Enfrentei minha primeira platéia aos 5 anos no "Clube do Guri", da Rádio Difusora, e sempre gostei de cantar. Aos 15 anos, já em Belém, cantava profissionalmente. Quando eu conheci o trabalho de cantoras como Sarah Voughan, Ella Fitzgerald e a nossa saudosa Elis Regina, eu pensei: Quero fazer isso!!
Além de cantar em barzinhos e fazer shows, que tipode aprendizado mais você foi buscar para aperfeiçoar seu trabalho?
Ana Martel – Eu sou feliz fazendo isso, então pra mim nunca importou onde, nem em que condições. Acho que é o que faço de melhor. No fundo, sempre estive voltada para a música. Já cantei na Igreja, em corais - até hoje canto, quando dá, no coral doTJAP, em banda de rock, de jazz, de baile, e estudo, às vezes (risos).
Eu explico. Entrei no Conservatório de Música quando era criança. Cursei um ano de canto coral no Carlos Gomes em Belém, fiz canto coral no SAM (UFPa) e, ultimamente, estudo violão na Escola de Música Walquíria Lima, que por sinal está parada desde o fim do ano passado e os alunos é que estão no prejuízo. Aliás, não só os alunos como a cultura do Estado que ainda não tem um curso de música de nível superior.
Eu explico. Entrei no Conservatório de Música quando era criança. Cursei um ano de canto coral no Carlos Gomes em Belém, fiz canto coral no SAM (UFPa) e, ultimamente, estudo violão na Escola de Música Walquíria Lima, que por sinal está parada desde o fim do ano passado e os alunos é que estão no prejuízo. Aliás, não só os alunos como a cultura do Estado que ainda não tem um curso de música de nível superior.
A Ana Martel compositora sempre esteve presente oufoi surgindo no decorrer da experiência como cantora?
Ana Martel – Escrever é uma terapia. Sempre usei minhas agendas anuais pra escrever alguma coisa. Há uns 15 anos comecei a fazer poemas. Depois, vieram as letras de música e a primeira melodia foi em 2005.
Como é seu processo criativo de compor?
Ana Martel – É complicado (risos). Não tem uma fórmula, não sento e me proponho: hoje vou fazer uma música. Às vezes faço a letra e depois a melodia. Às vezes uma melodia fica martelando na minha cabeça ... é mais ou menos como diz aquela canção: "basta deixar, de uma vez, a emoção tomar conta dos nossos corações que a música vem..."
Você interpreta de forma intensa e tem o que se chama de “domínio de palco”. O que acontece quando está cantando?
Eu não domino o palco, ele que me domina, fico possuída! (risos)
A canção que dá nome ao CD foi escrita em sua homenagem pelo poeta acreano Sérgio Souto. Como vocês se conheceram?
Ana Martel – O Sérgio veio no show dos 50 anos dos meus queridos Val Milhomem e Joãozinho Gomes, e eu lhe pedi algumas músicas. Ele, pacientemente, mostrou algumas canções assim como os outros compositores de todo o país que estavam no evento. Nós ficamos amigos, ele é uma pessoa muito generosa, e um dia me ligou, já do Rio, perguntando meu signo e disse que estava me mandando um presente.
A música de Enrico Di Miceli está presente em seu trabalho, além de Zé Miguel e outros compositores. Essa troca enriquece de que forma?
Ana Martel – Esses dois compositores são fundamentais para a minha carreira de compositora. O Zé Miguel foi a primeira pessoa que chegou pra mim e disse: "Ana, você tem talento para escrever. Você vai ver esse seu poema virar uma linda música". E foi assim que nasceu "Óleo sobre Tela", música com a qual participamos de um festival aqui no Amapá.Cada parceiro sempre me ensina tantas coisas e tenho um enorme carinho por todos, pois é um laço de carinho deles para comigo. Já o Enrico, é meu amigo de longas datas e, por acaso, um dos melhores melodistas que conheço e adora um desafio. Quando o Sérgio mandou a letra de "Sou Ana" pra ele, eu sabia que o resultado ia ser lindo!
“Sou Ana” é o primeiro trabalho de um artista do Amapá gravado através de incentivo da Lei Rouanet. Por que parece tão difícil acessar esses patrocínios?
Ana Martel – Há muitas coisas que devem ser levadas em consideração nesta hora: a primeira é o fato de que qualquer artista no Brasil, para mostrar seu trabalho, tem que ir para o eixo Rio-São Paulo. É lá que circula a maior quantidade de trabalhos e, como conseqüência, produtores, estúdios e pessoas que já têm experiência em projetosculturais. Nós conseguimos, de vez em quando, furar este bloqueio por motivos diversos. Para mim, o fundamental foi o meu marido, Paulo Andrade, arregaçar as mangas e fazer primeiro um estudo aprofundado para montar o Projeto. E depois, muita perseverança. Levei muitos "nãos", pois o projeto é de 2006. E, por último, claro, o patrocínio da Eletrobrás que, lá do Rio de Janeiro, patrocinou sem eu ter ainda um cd para mostrar como referência, um trabalho que, a meu ver, deveria ser patrocinado pelas empresas daqui.
Andressa Nascimento, de Roraima e Patrícia Bastos, do Amapá são cantoras que participam do CD como convidadas. Como foi essa interação?
Ana Martel – Eu sempre pensei em chamar cantoras para gravar esta música que elas gravaram comigo, pois "Doce Cantar" eu fiz para as cantoras do Amapá e dá nome a um projeto que ainda sonho em fazer onde vozes femininas do Amapá gravariam um cd e partiríamos divulgando o nosso trabalho pela Amazônia.
No estúdio, nós contamos com a presença do Nilson Chaves que foi responsável pela direção das vozes. Foi um momento ímpar de descontração durante todo o primeiro semestre de 2009, em que vivia numa correria e sucessivas viagens para as gravações,mixagem, fotos, etc.
Você é uma artista exigente com seu próprio trabalho? Gostou do resultado de “Sou Ana”?
Ana Martel – Sou meticulosa e até mesmo chata (risos). No estúdio, contei com a direção musical de Luiz Pardal, que sempre me incentivou muito para que meu cd tivesse minhas próprias músicas. Pardal, além dos lindos arranjos que fez, entendeu de cara a sonoridade que eu gostaria de dar ao CD. Sua colaboração e também de Jacinto Kawhage, outro músico e arranjador sensível, fez com que o trabalho ficasse realmente soando como Ana (risos).
Como será o show de lançamento?
Ana Martel – Vai ser uma grande festa, pois adoro cantar ao vivo e vamos ter a presença de algumas pessoas que fizeram parte do CD como o baixista Príamo Brandão, que gravou o contrabaixo acústico em todas faixas, além dos compositores Sérgio Souto, o grande poeta amapaense Joãozinho Gomes, que fez o texto lindo de apresentação do CD, Enrico di Miceli, Patrícia Bastos e o Zé Miguel, que tem uma parceria comigo em uma canção. A produção está por conta da Bacabeira Produções, dos meus amigos Claudiomar e Clícia Vieira que sempre me apoiaram e apostaram neste CD desde o Projeto.
Ana Martel – Vai ser uma grande festa, pois adoro cantar ao vivo e vamos ter a presença de algumas pessoas que fizeram parte do CD como o baixista Príamo Brandão, que gravou o contrabaixo acústico em todas faixas, além dos compositores Sérgio Souto, o grande poeta amapaense Joãozinho Gomes, que fez o texto lindo de apresentação do CD, Enrico di Miceli, Patrícia Bastos e o Zé Miguel, que tem uma parceria comigo em uma canção. A produção está por conta da Bacabeira Produções, dos meus amigos Claudiomar e Clícia Vieira que sempre me apoiaram e apostaram neste CD desde o Projeto.
Entrevista originalmente publicada no Jornal A Gazeta de 13/09/09
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