As viagens de barco na Amazônia podem durar até uma semana. Os rios são as principais estradas e, no lugar de poltronas, os passageiros ficam em redes espalhadas pelo convés. Olhar a paisagem serve para passar o tempo. Agora os passageiros vêm descobrindo um novo companheiro de viagem: um projeto de incentivo à leitura mostra que o livro ajuda o tempo a passar mais rápido, com histórias que levam a lugares muito mais distantes. “A gente acaba aprendendo durante a viagem. Acho legal também porque são livros bem diferentes, desde religião até exorcismo”, diz a universitária Flávia Rezende.
Quase dois mil livros já foram doados ao projeto "Navegando e Lendo”, que instalou, há um ano, 15 bibliotecas em barcos do Amazonas. Alguns passageiros ajudam a ampliar os acervos com novas doações. “Faço em casa a catalogação de todos os livros. Depois, reúno os livros de acordo com a embarcação: livros mais finos para um destino próximo, livros mais compridos para viagens maiores”, explica Jorge Klein, idealizador e coordenador do projeto.
Os leitores entram pela noite, aproveitando a luz do convés. É quando os livros chegam também a sala de máquinas. “Quando a gente está lendo, o tempo passa rápido e o sono não vem”, diz o maquinista Fausto Martins. Sem as curvas, solavancos e buracos das estradas, os passageiros dos barcos podem se concentrar na leitura – mesmo quem só conseguiu um lugar bem perto do motor. “Não importa o barulho, o importante é o conteúdo do que a gente está lendo”, garante a dona de casa Vera Marques.
(Do Globo Amazônia, com informações do Jornal Hoje)
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