Não há mais deserto e a água desce formando película brilhante para o tempo do inverno prolongado. Beija-flores miúdos fazem do jardim um recorte lúdico no início do dia. Foi-se com o tempo a ausência de encantamento e a vida ressurge nas folhas finas da grama bem diante do meu despertar. É assim que um foco de luz, vindo de muito longe, de um não lugar, suave e sem pressa, se instala bem no plexo solar. Traz a calma, o frescor, o acolhimento e restaura o ser com o cuidado de Deus.
Uma vez assim, em sintonia com as primeiras luzes do dia, é possível ver as coisas com outros olhos, mergulhando a alma na dimensão do amor. É quando os pássaros ganham asas brancas e azuis de um tom fluorescente que se alegra com a chuva. As borboletas fazem a metamorfose das formas e os desenhos de suas asas dançam harmonias delicadas no ar. É quando a quietude do bem querer invade a casa, que tem alma, cheiros, memórias, porvires e música. Ah! A música é o varal dessa poesia.
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