25 de mai. de 2011

Crônica para Casa de Amor

O ar aqui é respirável e tem notas musicais preenchendo a luz da manhã. Restou a terra molhada, o telhado úmido e a goteira da calha ainda falando pela chuva que se foi na madrugada. É reconfortante estar aqui, entre a esperança e o trabalho. As primeiras palavras do dia trazem o alívio da fé, aquela sem cegueira e sem paixão. A fé que se quer inteligente, refletida, comprovada na experimentação do fazer por si e pelo outro.
A música que brota da velha caixa de som é maior que toda dor acumulada em séculos. É sublime e revela um mundo que se mostra à medida que fazemos por onde vê-lo, no caminho de fazer por onde nele vivermos. Há calma, entendimento, auxílio, amparo, orientação, compaixão como estrelas diurnas emprestando brilho sutil aos ambientes da Casa. E as cores de Deus tingindo tudo a volta, em tantos tons que seria impossível cataloga-los.
Burburinho bom na cozinha, cheiro de café que logo será servido. Alimentos sendo preparados por mãos visíveis e invisíveis. O Amor é a lição maior, o aprendizado essencial, o exercício vital. Cada gesto busca compreendê-lo, cada olhar expressa o profundo desejo de encontra-lo. O Amor não se esconde, mas requer o lapidar da alma para ser vivenciado. E a Casa, que é do Amor, abre as portas e as janelas para quem quiser chegar a Ele.

2 comentários:

Deuzuite Ardasse disse...

Vale a pena amor,principalmente quando se é correspondida.

Emília Monteiro disse...

Engraçado, eu nem sabia que minha mãe havia feito um comentário, e vim fazê-lo também...
Márcia, tive a impressão de que esse poema seu foi escrito também por mãos visíveis e invisíveis, ele tem cheiro, gosto, imagens lindas,proporciona sensações inexplicavelmente familiares e nos remete a um estado de espírito que nos abraça e aconchega como um bom colo de mãe.
Obrigada por este presente numa sexta-feira cansada, doida para ir direto para casa...