30 de jan. de 2011

Amanhecer-se

Tela de Andy Warhol
O silêncio tem propriedades curativas. Absorve as lágrimas pela manhã e desenha uma segunda pele delicada no tempo. O silêncio ouve as mais íntimas lamúrias, massageia lentamente o pensamento latejante, deixando passar de longe os ecos da cidade serenada pela manhã de domingo.

Para lembrar que a vida segue lá fora, chegam vivamente os sons da rua, vazados pelas paredes, portas e janelas servis ao dia. No comando das cores está o sol, ele que sempre sorri de muito alto como quem vê tudo com outros olhos, os olhos da esperança. Vai passar o tempo da chuva e tudo aquilo que está encharcado de dor vai secar.

É preciso abrir as janelas. Fechar os olhos e trazer à mente a primeira imagem em cores. Um parque de diversões enferrujado num campinho esquecido do bairro distante traz sinais de alegria. Apagar as lâmpadas artificiais que amenizavam a escuridão da noite com luz elétrica, tadinhas, mal aquecem os mosquitos. Deixar vir com brandura a luz da natureza, morna compressa sobre a alma.

2 comentários:

Paulo Tarso Barros disse...

Belo texto, de um lirismo suave e ameno, que nos remete a um bem-estar espiritual...
Parabéns, minha querida.

Abraços fraternos,

Tânia Mel disse...

... é verdade... Deus nos fala através de sinais...
Sucessos.
Bjs