31 de ago. de 2011

O sorriso de Gisela



O sorriso de Gisela era assim tão real pra mim, muito antes de vê-lo com meus próprios olhos. Naquele dia conheci a alegria bem de pertinho. Estava lá, descendo os caminhos de dona Peregrina na direção da rua esbranquiçada ao sol do Alto Santo, quando se deu conta da minha presença. Abriu o riso que se ria com todo o rosto, com toda a generosidade dos braços acolhedores. Alto Santo não é um lugar de vir embora.
Velha nova amiga nada virtual, conheci Gisela há uns seis anos através das caixinhas de comentários do blog O Espírito da Coisa, publicado pelo jornalista, escritor e sobretudo pensador acreano Toinho Alves. Havia uma atmosfera de construção de afetos no ar, que fluía em torno da vida na Amazônia em suas nuances mais profundas.

O ser, o fazer, o reconhecer-se, o sentir da gente que habita a fronteira da cidade com a floresta, na luta pela sobrevivência da alma amazônica. Resumir o Espírito da Coisa assim é por demais imprudente, mas essa percepção entra aqui apenas para situar as longas e saborosas conversas com gente que jamais imaginei ver de tão perto. Gisela sorria nas entrelinhas de suas falas escritas e eu a imaginava assim mesmo, do jeitinho que ela é, explosão de alegria.

Abracei Gisela como se abraça alguém que o tempo, de forma inconsequente, mandou pra longe por vidas. Fato é que o tempo é senhor de muitas incompreendidas artimanhas. E como pouco se sabe das linhas tortas de Deus, creio eu que o Alto Santo está agora tão pertinho que nem mais cabe num sonho. Bem ali, com suas casas simples, sua gente solidária em busca do encontro vital com o espírito das coisas. Tem Gisela, dona Peregrina, Toinho, Altino, Elson, Irizete... Nossa! Acho que até eu fiquei por lá.

Foto: Elson Martins

7 comentários:

Almanacre disse...

Lindo e verdadeiro.Ah!Graças a jornalistas como vc a Folha do Amapá fez história. Que síntese maravilhosa de um encontro tão casual!

Almanacre disse...

Explico: Almanacre é o nome do meu blog, esquecido pelo próprio autor.
Elson Martins

Gisela disse...

Ah! Márcia, que alegria! Passei o resto daquele sábado sorrindo. Nós e nossos cupidos: Toinho e Elson e agora a Madrinha. A gente tá merecida hein? Não poderia ser melhor! Grande beijo. Gisela. (faz tempo que não escrevo nas caixinhas, não sei se sei por meu nome ali)

Antonio Alves disse...

Ficou mermo! Abraço arranca pedaço, sim. (Alegria ver o abraço de ocês duas. E em tempo: Tempo Algum volta já.)

Márcia Corrêa disse...

Elson, a Folha do Amapá que fizemos é uma daquelas experiências que vem para mostrar que é possível realizar as coisas com sabedoria, ou seja, unindo saber e sentimento. Isso vale para o jornalismo, para a política e para todos os campos da vida. Essas experiências mudam a vida da gente e nos encaminham pelos caminhos do fazer diferente. Além, disso, nos ensinam sobre o amor, Lei máxima do Criador. Amor pelo fazer, pelo trabalho, pelas causas e pelas pessoas. Laços eternos, grande amigo.

Márcia Corrêa disse...

Gisela, pena que essa danada da distância geográfica ainda é tão incômoda para quem vê o mundo em grande parte pelos olhos materiais. No aprendizado de enxergar com os olhos do espírito,as distâncias vão ficando cada vez menores. O Alto Santo e todos vocês estão bem aqui no aconchego do meu coração. E isso é tão verdade que nem dá tanta saudade. Mas, que eu vou voltar, ah, isso vou. E passarei sim uma tarde, um dia ou quanto tempo for necessário numa boa conversa e convívio fraterno em sua casa. Vai preparando o café aí menina. Bjs!

Márcia Corrêa disse...

Toinho, ô se arranca! Aliás, eu sou dessas pessoas que saem largando seus pedaços por aí... rsrs. Volte logo com o blog, que ele tem o poder de reunir almas mandadas pra longe a serviço.